Diário de usuário do Metrô: Parte 1
Seria um dia
normal para quem pega o metrô lotado todas as manhãs. Mais apertado que short
de gordinha que usa 2 números abaixo do recomendado. Aí, você tem uma mistura
de aromas.
_ Tem o cara que usa o desodorante “Maçã Envenenada”. Debaixo
do braço dele já estão mortos os Sete Anões, a Branca de Neve e, se duvidar, a
Madrasta. Se pela manhã já está assim, no final do dia é caso de pedir intervenção
da Vigilância Sanitária.
Mas ele não é o
único. Há também o “hálito indecifrável”.
_ Aquela pessoa que você não sabe se escova os dentes com
cebola ou se troca o chiclete pela meia.
Mas aquele dia
foi louco. O metrô mais lotado que casa lotérica quando há coincidência de
prêmio acumulado e o primeiro dia útil após um fim de semana prolongado. Além
dos aromas habituais veio aquele perverso. Aquela arma química que deveria ser
banida pela ONU.
O primeiro
ataque fez com que narizes se torcessem, tal a profundidade que gás alcançou.
Amigo, o responsável por aquilo deve ter jantado urubu em putrefação, com
salada de ovo podre e batida de amendoim.
E ele lançava um míssil atrás do outro. Se os americanos na década de
1990 lançaram o “Tempestade no Deserto”, alguém, naquele vagão, estava
desencadeando a “Tempestade na Linha 2”.
E o pior de
tudo é que, como o vagão não tinha espaço para uma formiga, não conseguíamos
identificar o “Franco Peidador”. Aproveitando-se do anonimato, ele continuava
castigando os narizes incautos. Chegou ao ponto de uma senhora quase em
desespero apelar:
_ Pelo amor de Deus. Se não tem educação, pelo menos tenha
misericórdia.
Naquele ponto
da viagem eu não podia dizer se o cara era um sádico ou se estava com
flatulência descontrolada. Cheguei a pensar em apertar o botão de emergência
para chamar a segurança do metrô.
_ Mas a quem acusar?
Finalmente chegou a minha estação e eu saltei. Não sem antes
sentir o meu nariz arder em mais um ataque do gás químico lançado indiscriminadamente
por alguém. Na plataforma, ao ver as portas se fecharem fiquei penalizado pelas
pessoas que prosseguiram a viagem.
Foi quando a senhora que havia pedido piedade ao “peidorreiro”
virou-se para mim e disse:
_ Se os flatos são assim,
não quero estar por perto quando estiver se borrando.
E lá fomos nós deixando a estação, podendo, finalmente,
respirar sem medo...
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