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quarta-feira, 8 de julho de 2015

DA SÉRIE: HISTORINHAS DO BIFÃO...

A gordinha e a provação no provador

            Faltavam poucos dias para o casamento da "amiga". Ela precisava comprar uma roupa para "abafar". Só  havia um problema: estava acima do peso. De acordo com o Pitu:
_ Em uma escala de 1 a 10, ela estava 11 acima do peso.
      E olha que ela tentou de tudo, dieta da lua, dieta do sol, dieta do universo inteiro, até do “buraco negro”, que, inclusive, foi flagrado arrotando dia desses. Apelou até para a macumba, mas, nada. Não perdeu um grama. A balança do banheiro continuava marcando o mesmo peso. Ela experimentou até mesmo a "tática do saci", subindo nela em um pé só. Mesmo peso.
_ Balança dos infernos...
      Precisava de uma roupa de arrasar no casamento. Mas por enquanto, estava apenas arrasada com o que a balança e o espelho lhe diziam.
_ Os prazeres da mesa são o pesadelo do vestuário. _ falava com os seus botões.
      Mesmo assim, foi para a loja e logo de cara se apaixonou por um vestido. Tudo bem que o número que escolheu era menor que o seu. Mas ela iria experimentá-lo de qualquer forma. Seria a “Dama de Vermelho” do casamento da amiga. Chamaria mais a atenção do que a noiva, pensava.
_ É pra você? – perguntou a vendedora meio que espantada. _ Não prefere um número maior?
_ Maior só se for para enrolar no seu pescoço e apertar. _ ela pensou. _ Não. É este mesmo. Minha irmã não pode vir e pediu para eu comprar para ela.
      E lá se foi para o provador. Colocar aquele vestido seria um desafio. Era como se  todos os americanos resolvessem, ao mesmo tempo, morar no México. É claro que muitos "ficaram de fora". Se é que me fiz entender.
      Tentou vestir pelas pernas. As coxas atrapalhavam. Tentou pela cabeça. O entrave agora era nos seios. Ela se debatia na cabine como a garota do filme "O Exorcista", na cama. Só faltava girar a cabeça.
_ Algum problema? – Perguntou a vendedora ao ver o provador balançar como uma ponte durante um terremoto.
_ Nenhum. Pode atender outras clientes – respondeu entre os dentes. _ Vendedora metida... _ sussurrou.
      Após se debater, chorar, espernear, se jogar no chão, como se fosse um milagre conseguiu colocar o vestido. Estava perfeito. Perfeitamente apertado.  Mal conseguia se mexer. Parecia que estava em um vagão do Metrô na hora do Rush. Respirar, nem pensar. Nunca pensou que conseguiria prender a respiração (mesmo que forçadamente) durante tanto tempo.
_ Me Deus. Permita que eu consiga tirar este vestido. Prometo passar a assistir missas todos os domingos.
      Ainda bem que o tecido do vestido era do tipo que esticava, pois, pela força que ela fez para colocá-lo e depois para tirá-lo, era de se espertar que se rasgasse como a roupa do Incrível “Hulk” durante a transformação.
      A batalha quase insana que se desenrolava no provador era digna de um filme de ação de Hollywood ou de uma "sessão de descarrego" de alguma igreja neo pentecostal.
_ Sai vestido do capeta, que este corpo não lhe pertence.
      Arrependeu-se de ter trancado a matricula na academia. Arrependeu-se de todos os doces e chocolates que comeu. Estava tão desesperada que cogitou até chamar a “metida da vendedora” para socorrê-la. Mas pensou.
_ E se ela chamar os Bombeiros? A imprensa? Amanhã os jornais vão estampar a manchete: “gordinha” morre “entalada” em vestido de gala, dentro de provador de loja do subúrbio.
      Depois de se esticar e se contorcer mais que praticante de ginástica rítmica, conseguiu, milagrosamente, se livrar do vestido. Levou pelo menos 30 minutos para recuperar o fôlego.
      Finalmente havia se livrado daquele pesadelo. Agora como faria com a “metida da vendedora”? Não podia perder a pose.
_ Ficou bom?
_ Bom seria dar um soco na sua cara. _pensou._Ficou. Mas vou levar um número maior. É para a minha irmã. Não gostei muito do modelo, mas sei que ela vai adorar.
         Deixou a loja sem olhar para trás. Não queria ver novamente aquele sorriso de canto de boca da “metida da vendedora”. E precisava colocar gelo nos hematomas adquiridos durante aquela verdadeira “batalha” no provador. Estava mais marcada que lutador de MMA depois do embate.
        
Moral da história: Não tente colocar os EUA dentro do México. Vai faltar “tequila” e sobrar clientes...

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