O cara estranho com um celular no
avião.
As pessoas são
esquisitas. Cada dia mais estou entendendo menos os seres humanos. Nesse
momento mesmo, tem um cidadão sentado ao meu lado tentando esconder o que
escreve no seu celular. Até parece que estou interessado em saber das coisas
dele.
_ Não faço a mínima idéia de quem é Victor. Muito menos quem
é Júlia, a “vagabunda” que o traiu no sábado a noite.
Cara estranho. Cheio
de dedos para digitar no celular. Estou na janela, esperando o avião decolar. Ele
acha que vou perder o meu tempo em ficar olhando a mensagem que está escrevendo
no celular?
_ Como assim a Paula está estourando o limite do cartão de
crédito? Sei lá quem é Paula. Mas desconfio que seja a esposa, namorada ou
amante. Estou mais para a terceira opção, porque com amante homem costuma
gastar mais. É de praxe.
Neste momento
ele parou de digitar. Mas continua a esconder a tela do celular. Agora o
cidadão está fazendo um trabalho de desobstrução das narinas. E para isso está
utilizando um indicador sem a menor cerimônia. Isso ele deveria esconder. Mas
não, está liberando para quem quiser ver.
_ Vou olhar pela janela, para não ver onde o cretino vai
limpar o dedo.
Agora ele
voltou a digitar no celular.
_ Bom, como ele não se levantou para ir ao banheiro, meteu a
mão de nariz no celular. Bem que havia achado a tela dele uma “meleca”.
Agora, voltou a
esconder o que escreve. Será que não se manca que não quero ver o que ele está
digitando?
_ Não quero saber se ele perdeu uma fortuna aplicando em
ações da Petrobrás. E que ele quer matar a gerente do banco onde tem conta,
pois foi ela que sugeriu a aplicação...
Ô cara chato
demais da conta. Olha se vou perder o meu tempo olhando para o celular melequento
dele.
_ Nem quero saber se ele foi flagrado na Lei Seca é perdeu a
carteira. E quase foi preso por oferecer uma grana aos guardas para diminuir a “secura”.
Turbulência.
Pouca, mas turbulência. Nem assim o cara para de digitar e de esconder o que
escreve. Veja se tem cabimento, com o
avião sacudindo vou ficar querendo olhar para as mensagens dele.
_ Nem sei onde mora a Tânia do sexto andar, que é um furacão
na cama e que a mulher dele ( seria a Paula?) quase os flagrou na garagem.
Cara bobo.
Tenho mais o que fazer. Vou sacar o meu celular. Não vou escrever nada de útil,
mas vou deixar ele curioso para saber o que estou escrevendo. Agora é a minha
vez. Vou escrever um monte de bobagem e não deixá-lo ver.
_ Como assim já vamos pousar Piloto? Logo agora que eu iria às
forras?
O cara guardou
o celular com “tela nasal”. Sorte dele. Estava indeciso se optaria por fingir
escrever algo ou partir para a ignorância por ele ter escondido a tela do
celular o tempo todo.
_ Afinal de contas, nem quero saber o quanto tem de pagar ao
Imposto de Renda por ter caído na “malha fina”. Nem que a sogra esteja dando “pitaco”
na vida dele...
Tomara, na
minha próxima viagem, não sente ao lado de um cara tão mala, quanto este. Que
acha que todo mundo quer saber da vida dele através do que escreve via celular...
_ O mundo está cheio de loucos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário