As gordinhas da minha vida...
Decididamente
as gordinhas entraram na minha vida para ficar. Algumas há muito tempo. Outras
há pouco tempo. Um número razoável recentemente. E algumas delas de forma
traumatizante, como aquela que pisou no meu dedão, fazendo com que a minha
antiga unha tivesse um final trágico (e por pouco o meu dedo não teve fim igual).
Quando ela entrou no vagão do metrô
logo chamou a atenção. Entre 1,85 e 1,90 de altura. Já a largura, amigo, ela
era larga. Muito larga. Tanto que ocupou o seu espaço no banco e grande parte
do meu. Eu tive que ficar praticamente de lado, imprensado contra a lateral que
dá para a cabine do condutor. Fiquei mais de lado que avião fazendo curva...
_ E olha que “estar de ladinho” com uma mulher, para mim,
sempre significou outra coisa...
Ela olhou para
mim. Mesmo sentados ela estava um nível mais alto. Ou seja, para olhar para o
rosto dela tive que inclinar o meu para cima.
_ Quente, não?
_ Não! _ pensei, mas apenas olhei para ela, sem pronunciar
uma só palavra. Falando com os olhos._ Apertado, isso sim.
Que eu me
lembre, a última vez que passei tanto aperto no Metrô foi durante uma greve de
ônibus, quando todos correram para o transporte disponível. Mas, na ocasião
estava em pé, no meio do vagão. Desta vez o aperto se dava com a minha pessoa
sentada...
Mas aquilo era
apenas o começo. A criatura, no balançar do metrô, foi fechando os olhos.
Parecia que estava em uma sessão de hipnose. Os olhos dela estavam ficando
pesados. Não só os olhos, mas todo o corpo, uma vez que ela estava caindo em
cima de mim. Se já estava ruim, a coisa começou a piorar. A gordinha era do
tipo que se espalha, quando dorme. E eu não tinha mais para onde correr. Ou
melhor, me espremer
Agora imaginem
a cena: eu, que não sou nenhum gigante, tendo aquele “monte de mulher” caindo
em cima de mim. E eu já estava de lado. E ela veio caindo, caindo. Quando dei
por mim, ela já estava com a cabeça repousada no meu ombro. Quando Newton disse
que dois corpos não ocupam o mesmo espaço, ele jamais imaginou uma cena como
aquela que eu estava vivendo.
_ Véi, quem visse aquela cena fora do contexto, poderia
imaginar que nós tínhamos certa intimidade e folguedos.
Olhei para
frente e reparei que um cidadão do outro lado do vagão tinha um sorriso
disfarçado no rosto ao olhar a cena da qual eu era um dos protagonistas. Jurei
que se ele fizesse sinal de positivo com os polegares, iria mostrar um dedo de
cada mão em resposta. Se é que estou sendo claro. Fosse eu uma celebridade e algum
paparazzo tivesse fotografado a cena, com certeza diria:
_ Ele foi visto com uma “gordinha misteriosa” no metrô.
E lá fomos nós.
Eu imprensado, a gordinha largada e o cara da frente com um ar sarcástico olhando
par mim. E o pior é que eu não tinha idéia em qual estação a gordinha iria soltar.
E se a minha chegasse antes? Como é que eu iria fazer? E ela ferrada no sono.
_ Quanto mais o sono ficava profundo, mais ela ficava pesada.
Finalmente,
como que por encanto, quando o sinal sonoro anunciou a estação Uruguaiana, a “bela
gordinha adormecida” despertou.
_ E antes que perguntem, não dei beijinhos para ela
despertar, não.
Ela olhou para
mim. Deu um sorrisinho amarelo, se ajeitou. Colocou a bolsa no ombro e
levantou. Mais uma vez olhei para o sujeito da frente, que continuava aquele ar
cretino. Olhei para a gordinha, que além de muito alta, ainda estava de salto
alto. E lá foi ela. Mais uma gordinha que foi entrando na minha vida, sem
esperar um convite.
Gente, acho que
terei de fazer terapia. Parece haver um “complô de gordinhas” contra mim. Estou
ficando traumatizado. Acho que elas se uniram, pois não é possível, esses meus
problemas com as “mais providas de carnes” estarem acontecendo um após o outro.
Isto já está beirando o bullying. Das duas uma:
_ Ou tomo trauma de gordinhas ou
vou acabar me apaixonando por uma...
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