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segunda-feira, 20 de abril de 2015

DA SÉRIE: HISTORINHAS DO BIFÃO...



Dando a luz junto com a mulher.

         A mulher estava para dar a luz. Ele estava mais nervoso que “virgem na primeira vez” (Bom. Era o primeiro filho, pelo menos). Desde que o médico havia avisado que poderia ser “a qualquer momento” estava uma pilha de nervos. Chegava a sonhar com o bebê pulando na barriga dele.
_ Já fez o exercício de respiração? Como estão as contrações? E a bolsa?
         A mulher dele não aguentava tanta pergunta, sem ter tempo de responder a nenhuma.
_ Se acalma. Está tudo sob controle.
         Como está tudo sob controle? Ele já havia revisado o mapa da casa até a maternidade umas 500 vezes nos últimos dois dias. Calculou e recalculou o tempo que gastaria, mesmo se o trânsito não estivesse dos melhores.
_ Meu Deus? E se a bolsa estourar durante a madrugada e eu estiver dormindo? _ pensou. _ Tenho que recalcular tudo. Por que ela não quis uma cesariana?
         Andava de um lado para o outro da casa. A mulher estava preocupada. Não com ela e o bebê, mas com o marido. Se ele tivesse um troço de repente?
_ Meu filho. Fica calmo. Afinal de contas, sou eu quem está com os peitos cheios de leite. Tô parecendo uma vaca holandesa premiada. Sou eu quem está frequentando o banheiro a cada dois minutos. Nunca pensei que a minha bexiga pudesse armazenar tanto xixi. Se fosse água potável já teria alguém mandando eu “economizar”. Sou eu quem está 12 quilos acima do peso. Sou eu quem está se preparando para deixar passar uma “bola de boliche” por onde há espaço para uma “bola de golfe”. Portanto, acalme-se.
_ Eu estou calmo. Quem disse que estou nervoso? Só estou tentando deixar tudo organizado para a hora de ir para a maternidade.
_ Não. Você está tentando deixar tudo organizado para uma viagem para a estação espacial. _ ela era a calma em pessoa. _ Do jeito que você está, parece que vão nascer três. Mas, segundo as “ultras”, só tem um aqui dentro.
_ Não quero que nada de errado... _ ele olhou para a mulher espantado_ Me diga que isto aí é xixi...
         A bolsa havia se rompido e ela nem notara diante do desespero do marido. Ele já estava nervoso ficou mais ainda. Correu para pegar as coisas dela. Colocou no carro. Entrou, pegou a esposa, colocou no banco de trás. Fechou o carro e saiu em alta velocidade.
_ Vai de vagar.  Quero dar a luz e não ir para a luz, entendeu?
         Ele foi um pouco mais devagar. Mas ao cruzar com uma patrulha da PM começou a gritar:
_ Mulher dando a luz! Mulher dando a Luz!
         Os PMs entraram na frente do carro, ligaram a sirene e foram abrindo caminho para ele que sorria vitorioso. A mulher, por sua vez, se pudesse o esganaria. Onde já se viu um escândalo daqueles no meio da Rua.
         Na maternidade ele monopolizou a atenção. Colocou a mulher na cadeira de rodas, brigou com as enfermeiras. O médico dela chegou.
_ Algum problema?
_ A bolsa dela estourou. _ ele suava em bicas.
_ Como estão as contrações?
_ E eu sei lá. Não sinto nada. _ tremia mais que vara verde.
_ Estão normais, doutor. Os intervalos estão diminuindo a cada vez. _ a mulher continuava muito calma, apesar de estar prestes a dar a luz.
         Tudo pronto para o parto. Ela demonstrou os primeiros sinais de nervosismo.
_ Fica calma. Vai dar tudo certo. _ Ele segurava a mão dela. Ou melhor: apertava.
_ Dá para não apertar tanto? Vou sentir as dores do parto e o da minha mão quebrada por você.
_ E então? Preparado para ver o parto do seu filho? _ perguntou o médico sem obter resposta, pois ele estava paralisado de tão nervoso.
         Quando finalmente a criança começou a sair o médico anunciou:
_ Tá vindo!
         Foi a última coisa que ouviu antes de desmaiar e acordar depois na sala de recuperação. Foi conseguir ver o filho duas horas depois do parto, exatamente quando acordou. A enfermeira levou a criança para ele ver.
_ Quer segurar?
_ Não. Obrigado.
_ Mas todo pai quer segurar o filho. Por que você não quer?
_ Por que... _ ele não completou a frase. Desmaiou novamente.
_ Não liga não. _ disse a mulher dele para a enfermeira que olhava para ele sem entender_ Homem é muito frouxo. Se tivessem que dar a luz acho que eles morreriam...

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